Trecho da entrevista Sobre Sentimentos e a Sombra, de C.G. Jung

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E o que é de fato o sentido de nossa existência?

Devemos ser todos tigres, tigres amáveis que só se alimentam de maçãs? Tigres vegetarianos – isso é simplesmente uma anormalidade, algo doentio. E assim é o homem que não vive na terra e a ela não paga seu tributo.

Simplesmente estamos expostos e precisamos justamente reconhecer o fato de que estamos expostos. Pericolosamente Vivere – a vida é um risco! E caso não seja, então nada aconteceu. Por isso podemos dizer juntamente com Voltaire no leito de morte quando o abade, o confessor, lhe perguntou: “O senhor se arrepende de todos os seus pecados, senhor Voltaire?” – Sim, meu pai, e sobretudo daqueles que jamais cometi. Isso é verdade, enormemente verdade!

Mas o que seríamos se todos nós fôssemos bons? O que seria? Seria absolutamente nada! Então não se necessitaria de religiões, de igrejas, de nada. Então nada aconteceria. Não haveria mais diferenças. Não existiria mais um declive. Não haveria mais objetivo, pois o objetivo já teria sido alcançado há muito tempo. Nasceríamos com harpas em nossas mãos e durante toda a nossa vida cantaríamos louvor e nada mais. Mortalmente fácil! Também não há energia sem declive. Declive significa opostos!

Quem não abriga os opostos dentro de si não está vivo. Ao invés disso, é um neurótico morto que apenas geme, mas não vive.