* trecho retirado do livro “As Melhores Entrevistas da Rolling Stone”, datada do dia 25 de agosto de 1977.

Rolling Stone – O seu primeiro filme Guerra nas Estrelas foi um imenso sucesso, uma ficção científica com pé na tradição épica e heróica.

George Lucas – Sempre foi assim que eu pensei, e é o tipo de ficção mais significante que eu me lembre. É uma pena que tudo isto tenha se transformado nessa coisa estilo ‘história em quadrinhos’, que foi a forma como nos acostumamos a assistir. Acho que a ficção científica ainda tem esta tendência de reagir contra essa imagem, tentando parecer muito séria, e foi algo que eu tentei derrubar com Guerra nas Estrelas. Buck Roger é tão válido quanto Arthur C. Clarke em sua própria maneira; digo, eles são o mesmo lado da moeda. Kubrick fez a coisa mais forte em cinema, se pensarmos no lado racional da coisa, e eu tentei fazer tudo da maneira mais irracional, mesmo porque acho que precisamos disso. De novo, nós vamos na espaçonave concebida na mente de Stanley, mas com certeza iremos carregando meus sabres de luz, e com um Wookie de co-piloto.

Agora você já fez sua aposta.

Então, minha aposta é a de tentar realizar tudo da maneira mais romântica. Meu Deus, espero que, se o filme conseguir alcançar alguma coisa, que seja aquele menino de 10 anos de idade, e que o transforme nessa pessoa louca pelo espaço sideral e desejosa de um pouco de imaginação e aventura para a sua vida. Não tanto uma influência para que ele seja no futuro uma espécie de Einstein ou Werner von Braun, mas apenas colocar na sua cabeça esse interesse pelo universo e pela exploração do espaço, fazendo ele sentir que isto é importante. Não por nenhuma razão racional, mas por uma paixão completamente irracional e romântica.

Eu ficaria muito feliz se algum dia, quando eu estiver com uns 93 anos, o homem colonizar Marte, e o líder astronauta da primeira colônia disser: “Eu só me transformei nisso porque estava esperando, desde pequeno, em encontrar um Wookie aqui em cima.”